Mão na massa: conheça a equipe que faz o Aldeia em Foco chegar a quem mais precisa
- Agência Marandu
- 2 de mai.
- 4 min de leitura
Percorrer grandes distâncias, vencer os desafios da falta de infraestrutura, chegar aonde quer que seja necessário e fazer o Aldeia em Foco acontecer. Com essas tarefas, a equipe do projeto que está movimentando a população indígena do país acorda todos os dias e vai à luta. São dez pessoas, entre médicos e técnicos, além de voluntários, que se deslocam de avião, de carro e de barco para levar saúde visual a indígenas de todas as regiões do Brasil.

Nilson Grimm, o coordenador do projeto, diz que já não tem morada fixa. Está em constante movimentação para lá e para cá Brasil afora. “Sou itinerante, estou sempre em todo canto”, confessa. Em geral, o projeto acontece durante 15 dias do mês. É um período de trabalho intenso. A recepção dos indígenas, em geral, é calorosa. “Eles ficam meio ressabiados, no princípio, prestando atenção para ver se é mesmo verdade que aqueles atendimentos vão acontecer”, conta Nilson.
Ele mesmo ressalta que os indígenas se queixam de que já foram muito enganados pelo homem branco, e a desconfiança se deve basicamente a isso. “Passada essa fase, quando veem que o projeto é real, eles são muito atenciosos com a gente e participam muito”. Nilson salienta que principalmente as crianças são carinhosas e interessadas em tudo.

O que une a equipe é o propósito do Aldeia em Foco de levar saúde visual a comunidades isoladas no Brasil profundo. “O time é muito engajado”, afirma Nilson. “O grupo não quer parar e, ao final dos trabalhos em uma aldeia, os nossos colaboradores sempre perguntam onde será a próxima parada e ficam na expectativa”. O Aldeia vai a locais aonde não chega praticamente mais ninguém de fora da comunidade. “Conhecemos lugares que a maioria das pessoas nunca vai conhecer na vida, paisagens maravilhosas, como as do Xingu, que só quem conhece são os indígenas e quem tem esse carinho pelos povos originários”.
O projeto já visitou aldeias localizadas em sete estados do Brasil e realizou quase 12 mil atendimentos, com doação de mais de 7 mil pares de óculos. O Xingu foi o local mais elogiado pelos “aventureiros” que fazem o Aldeia. “É um lugar bem raiz, com uma energia diferente”, define Nilson. O trabalho em Paraty Mirim também encantou o time. Na Amazônia, a empreitada foi desafiadora.
No Xingu e na Amazônia, a equipe fica em barracas montadas dentro das aldeias. Em outras localidades mais próximas de cidades, a coordenação aloca o pessoal em pousadas e hotéis próximos das comunidades indígenas e faz os deslocamentos bem cedo todos os dias, tomando café da manhã e jantando nas aglomerações urbanas. Para almoçar, a equipe leva a comida pronta ou os ingredientes, para serem preparados em alguma cozinha disponível. “O pessoal do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) faz, ou às vezes eu mesmo faço a comida”, conta Nilson.
Vinicius Medeiros é um dos componentes do time. Ele sai de Brasília para se embrenhar nas comunidades indígenas. “Minha primeira viagem com o Aldeia foi para o Xingu. Ali, vi uma realidade bem diferente daquela que havia aprendido nos livros de história, bem mais dura e difícil”. É uma cultura diferente “e só podemos respeitá-la e intervir da forma que pudermos, que é levando atendimento oftalmológico e doando óculos para quem precisa”.

Chamou a atenção de Vinícius o cuidado que os indígenas têm com as pessoas que chegam à aldeia.
“Até as crianças nos ensinam sobre os animais peçonhentos e a atenção que precisamos ter com eles; nos falam da melhor hora para tomar banho de rio, quando esses bichos não nos ameaçam, e de tudo o que pode nos ajudar no período em que estivermos lá”.
Para Vinicius, o Aldeia em Foco é mais do que uma ação que beneficia os indígenas em algo fundamental, que é a visão. “Para nós, que trabalhamos nele, e para as pessoas que acompanham o projeto, é uma mensagem muito forte de que podemos melhorar o mundo fazendo nossa parte. Cada ficha cadastrada, cada par de óculos doado, é uma vida sendo transformada. Isso deve encorajar as pessoas a acreditarem em fazer o bem”.
Guilherme Nunes também faz parte do time. “Chegamos nas aldeias e encontramos pessoas simples, vivendo em condições muitas vezes precárias, e a grande maioria abraça o projeto, comparecendo para participar”, explica. A primeira aldeia que ele conheceu foi a de Jaguapiru, que fica na região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, que junto com a Bororó, aonde o Aldeia também chegou, compõe a maior área indígena do Brasil. Nelas vivem cerca de 20 mil indígenas das etnias Guarani, Kaiowá e Terena.

“Eles chegavam muito cedo, horas antes do início dos atendimentos, pois era uma oportunidade de acesso ao médico oftalmologista e aos óculos que eles não queriam perder, que era fundamental para eles”, diz Guilherme. Ele se lembra que alguns indígenas levavam doces para o pessoal da equipe para demonstrar gratidão.
A experiência que Guilherme mais gostou foi de ficar acampado com o time no meio da Amazônia, no alto do Rio Negro. “Levamos seis horas de barco subindo o rio para chegar na aldeia, e o pessoal recebeu a gente muito bem, com muito carinho e atenção”. Conhecer várias etnias para Guilherme é um privilégio, pois são costumes diferentes, que formam uma diversidade interessante e rica.

O acesso direto às comunidades indígenas é a marca do Aldeia em Foco. As equipes levam equipamentos portáteis, que facilitam a locomoção. O compromisso do projeto é com o bem-estar dessas populações, que muitas vezes são esquecidas e marginalizadas. Os procedimentos da equipe, como a visita técnica para conhecer o local e definir a melhor logística para a realização dos atendimentos, garantem a utilização mais eficiente dos recursos e a assistência adequada a cada aldeia.
O Aldeia em Foco precisa do seu apoio. Doe, colabore e divulgue o projeto. Assim, você ajudará a fazer a diferença na vida de quem mais precisa.
Comments